by José Maria Santana | 30/07/2016 15:02
Poucas regiões vinícolas do mundo têm este privilégio e o Douro, em Portugal, é uma delas. Ainda mantém vinhas velhas, com castas misturadas, em que a própria natureza se encarrega de baixar os rendimentos e oferecer vinhos concentrados e com muito equilíbrio. A Quinta do Crasto, da família de Jorge Roquette, possui 40 hectares de vinhas acima de 70 anos de idade, num total de 42 parcelas, sendo as mais emblemáticas a Vinha da Ponte e a Vinha Maria Teresa. Quando a colheita é excepcional, a casa lança tintos exclusivos de cada uma delas. Nos anos, digamos, apenas normais, as uvas são destinadas aos outros bons vinhos da empresa. A produção média por hectare de uma vinha velha é de 3.000 litros, metade ou um terço do que se obtém habitualmente mesmo em vinhedos de qualidade.
A história começou com o empresário Constantino de Almeida, que no início do século XX comprou a Quinta do Crasto, situada no Cima Corgo, junto ao rio Douro. Ele selecionou uma das parcelas mais especiais dos vinhedos, com 4,70 hectares, e deu-lhe o nome da filha mais velha, Maria Teresa. Situada na parte mais baixa da propriedade, entre 120 m e 200 m de altitude, a vinha estende-se por patamares xistosos, voltados a nascente, com ótima insolação. Como se fazia antigamente na região, tem cerca de 40 variedades plantadas juntas, com predomínio de Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Malvasia Preta, Moreto, Cornifesto e Tinta da Barca. Foi replantada em 1920.
A quinta esteve sempre em mãos da mesma família. Em 1981, Jorge Roquette e a mulher, Leonor, neta de Constantino de Almeida, compraram a parte dos parentes e assumiram o controle do Crasto, com ajuda dos filhos Tomás e Miguel. O tinto Vinha Maria Teresa é um de seus rótulos super premium. Para a elaboração, as uvas são pisadas a pé, em lagares graníticos, processo tradicional para os melhores vinhos do Douro. Depois da fermentação em lagares inox, com controle de temperatura, repousa entre 18 e 20 meses em barricas de carvalho francês. Em algumas safras, a equipe utiliza também até 20% de carvalho americano.
O Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa foi vinificado somente nos anos de 1998, 2001, 2003, 2005, 2006, 2007, 2009, 2011 e 2013. A produção é pequena, entre 5 e 6 mil garrafas por ano. Os vinhos da Quinta do Crasto são distribuídos no Brasil pela Qualimpor, de João Roquette. As safras mais antigas do Maria Teresa, como esta de 2001, estão esgotadas na importadora. As últimas versões colocadas no mercado estão na faixa de R$ 1.450,00.
Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2001
Quinta do Crasto – Douro – Portugal – Qualimpor – Nota 94
Comprova a beleza que o tempo só aprimorou. Com 15 anos, é um tinto macio, elegante, rico e complexo. Nos aromas predominam notas terrosas, alcatroadas, de especiarias, champignon e sous-bois, em fundo de frutos cozidos, a figos e ameixa. É estruturado, largo, tem acidez e vivacidade. Guarda todas as características do terroir do Douro e está no ponto ótimo para beber.
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