by José Maria Santana | 29/09/2016 18:13
Os vinhos que mereceram as melhores premiações dos jurados do VIII Brazil Wine Challenge, realizado em Bento Gonçalves (RS) em junho passado pela Associação Brasileira de Enologia (ABE) e pela Revista Adega, foram apresentados esta semana em São Paulo pelos organizadores.
Entre os 45 espumantes, brancos e tintos provados, alguns se destacaram. Nesta lista, chamou a atenção o tinto Casa Ermelinda Freitas Touriga Nacional Reserva 2013, da Península de Setúbal, Portugal. É produzido pela vinícola Ermelinda Freitas, comandada por uma família de mulheres fortes.
A Ermelinda Freitas que dá nome à casa nasceu e se criou em Fernando Pó, vilarejo da região de Palmela, na Península de Setúbal, ao sul de Lisboa. Lá funcionava a vinícola fundada em 1920 por Deonilde Freitas. Era uma empresa bastante modesta. Em 1991, com a morte do marido Manuel João de Freitas, Ermelinda e a filha única, Leonor, à época assistente social, enfrentaram o dilema de vender a propriedade ou continuar.
Decidiram seguir em frente e conseguiram muito mais. Manuel vendia vinhos a granel a terceiros. Ermelinda e Leonor estruturaram a empresa e em 1998 passaram a engarrafar parte da produção com marca própria, com assistência do respeitado enólogo Jaime Quendera.
Era uma aventura. Compraram 20 barricas de carvalho e, sem adega para colocá-las, adaptaram para isso um quarto da casa de Ermelinda, em cuja sala também funcionava o escritório da vinícola. No início dos anos 2000 iniciaram a construção de uma adega de verdade, com sistema de controle da temperatura dos tanques, lagares de aço e sala de barricas.
Mãe e filha herdaram 60 hectares de vinhedos, com apenas duas castas, a tinta Castelão e a branca Fernão Pires. Com o sucesso dos vinhos, passaram a comprar mais terras. Atualmente a família possui 440 hectares plantados com as principais castas portuguesas. A Castelão (antiga Periquita), ocupa 60% da vinha. Ícone da Península de Setúbal, dá vinhos bons e alguns espetaculares, quando plantada nos solos arenosos frequentes na região. Há ainda as tintas Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah, Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Franca, Merlot e Petit Verdot; e as uvas brancas Fernão Pires, Chardonnay, Arinto, Verdelho, Sauvignon Blanc e Moscatel de Setúbal.
Ermelinda Freitas morreu em 2012, aos 81 anos. A dinâmica filha Leonor, e agora também a neta Joana, mantêm a liderança feminina que marca a empresa. A vinícola tem capacidade para produzir até 8 milhões de garrafas por ano, com as marcas Terras do Pó, Dona Ermelinda, Quinta da Mimosa, Casa Ermelinda Freitas, Moscatéis de Setubal e o top Leo D’Honor. A Casa Ermelinda Freitas é uma vinícola respeitada em Portugal e no exterior. No Brasil, onde conquistaram muitos admiradores, seus vinhos são distribuídos pela importadora Orion, de São Paulo.
Casa Ermelinda Freitas Touriga Nacional Reserva 2013
Casa Ermelinda Freitas – Setúbal – Portugal – Orion – Nota 91
Tinto saboroso e elegante, com uvas vindas de solos arenosos de Fernando Pó, no concelho de Palmela. Estagiou por 12 meses em barricas de carvalho americano e francês. Ao nariz lembra ameixa, com toques de fruta evoluída, como figo, de frutas secas e notas florais. Tem bom copo, taninos maduros, macios, equilíbrio e boa persistência final. É um vinho expressivo e que não agride.
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