by José Maria Santana | 18/11/2016 17:57
A importadora Mistral já está distribuindo em suas lojas e em um grupo de restaurantes selecionados o Beaujolais Nouveau 2016 que, como manda a tradição, chegou ao mercado exatamente no dia 17, a terceira quinta-feira de novembro. São os vinhos da casa Joseph Drouhin, um dos grandes nomes da Borgonha, nas versões Beaujolais Nouveau e Beaujolais-Villages Nouveau, mais concentrada.
Nesta época, apenas dois meses depois da colheita, o Beaujolais faz a festa do consumidor em todo o mundo. Produzido com a uva Gamay, é um vinho alegre, jovial, que combina maravilhosamente bem com pratos leves, frios, embutidos e refeições rápidas.
Este ano, a colheita ocorreu três semanas mais tarde do que a de 2015. A equipe da Drouhin informa que as uvas Gamay apresentaram cascas mais espessas que o habitual e os cachos diminuíram de tamanho, por causa das chuvas de granizo ocorridas na região no final da primavera e início do verão. O calor de setembro, com noites frescas, salvou a safra. No geral, houve rendimentos menores por hectare, mas com uma seleção rigorosa nos vinhedos, a qualidade dos vinhos de 2016 é boa.
A área de Beaujolais é uma continuação natural da Borgonha, estendendo-se de Mâcon a Lyon, já em direção do sul da França. Embora não faça parte do mosaico borgonhês, tem ligações históricas e vinícolas com esta prestigiada região. Embora o Beaujolais Nouveau e o Beaujolais-Villages Nouveau, lançados no mesmo ano da colheita, sejam os tintos mais conhecidos e festejados, seus melhores vinhos seguem o curso normal, com estágio nas caves antes de chegar ao mercado. Eles vêm de 13 denominações controladas, os chamados Crus de Beaujolais.
Para muitos, a agitação em torno do Beaujolais Nouveau é uma jogada de mestre do marketing dos produtores. O interesse pelo vinho já foi maior. Ainda assim, é uma gostosa tradição iniciada em 1951, quando o governo francês liberou a saída do vinho das propriedades no mesmo ano da safra. Inicialmente, havia bloqueio até 15 de dezembro. Depois os produtores conseguiram antecipar a liberação para a terceira quinta-feira de novembro, o que prevalece até hoje.
A região produz atualmente cerca de 30 milhões de garrafas do Nouveau, esperado com alegria nos bistrôs de Paris e enviado a uma centena de países, Brasil incluído. Para chegar a tantos lugares tão rapidamente, a distribuição exige uma verdadeira operação de guerra.
Tomado no tempo certo, ou seja, bastante jovem, o Beaujolais tem sua graça. O nome já diz: Nouveau é o vinho novo, do ano. A vinificação tem uma particularidade, é feita pelo método de maceração semi-carbônica.
Os cachos são colocados inteiros em cubas fechadas, ou que tenham apenas aberturas pequenas. As uvas que ficam na parte de baixo são praticamente esmagadas pelo peso das que estão em cima e, ao liberarem seu sumo, inicia-se a fermentação no interior dos bagos, provocada pela atividade das leveduras. Outra parte do lote fermenta pelo processo normal.
O resultado é o Beaujolais Nouveau, um tinto de cor púrpura, bastante frutado, com aromas exuberantes de violetas, rosas, framboesa, morango (parece o chiclete tutti fruti) e um característico cheiro de doce de banana. Na boca, é pouco tânico, com alta acidez e corpo leve. Em outras palavras, um vinho jovem, feito para se beber jovem, a uma temperatura agradável, bem refrescado (entre 14º e 15º C).
Das 13 apelações da região, somente os vinhos das AOC Beaujolais, Beaujolais Supérieur e Beaujolais Village podem ser vendidos como “Nouveau” ou “en primeur” – no rótulo, os termos Nouveau e En primeur são utilizados indiferentemente. O Beaujolais-Village provém de solos melhores, recebe maiores cuidados e é um tinto mais harmonioso. Os vinhos comuns devem ser tomados preferencialmente no primeiro ano de vida. O Village mantém suas qualidades por mais tempo.
A casa Joseph Drohuin, sediada na Borgonha, tem grande experiência na produção de Beaujolais, onde está desde os anos 1950. Como trabalha com boa variedade de crus, pode fazer sempre seleção das melhores uvas. O solo da região de Beaujolais é marcado por manchas de granito rosa, favoráveis à Gamay. As videiras são plantadas no sistema gobelet, ou de vaso, sem condução dos ramos por fios de arame.
A importadora Mistral comercializa o Beaujolais Nouveau 2016 por R$ 109,50. Já o Beaujolais-Villages Nouveau é vendido a R$ 137,50.
Beaujolais-Villages Nouveau 2016
Joseph Drouhin – Beaujolais – França – Mistral – R$ 137,50 – Nota 88
Atraente já pela cor, de um violeta vivo, brilhante. Os aromas trazem cereja madura, framboesa, morango, algo de banana e amora, além de notas florais. De corpo médio, mostra concentração, taninos macios, muito boa acidez e frescor. Um tinto jovem, redondo, fácil e gostoso de beber (12,5%).
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