Vinícolas gaúchas recebem as primeiras uvas da boa safra de 2017
As vinícolas gaúchas começaram a receber esta semana as primeiras uvas do ano e os enólogos dizem que a safra de 2017 promete ser boa, bem melhor que a de 2016. A avaliação definitiva sobre a qualidade da colheita só poderá ser confirmada ao término da vindima, lá pelo fim de março. Até lá vai se saber se o período foi menos ou mais chuvoso que o habitual. Mas a expectativa aumentou com a chegada agora das variedades precoces, isto é, as que amadurecem mais cedo, como a branca Chardonnay.
Para avaliar a qualidade da matéria-prima, os viticultores se valem de indicadores como a sanidade dos cachos e a graduação de açúcar encontrada nos bagos. “A safra está com uma produção excelente”, observa Moacir Mazzarollo, do Conselho Deliberativo do Ibravin, o Instituto Brasileiro do Vinho. “Noventa por cento das regiões não apresentaram doenças fúngicas”. Depois da quebra de 57% da safra passada, os técnicos do instituto estimam que este ano serão colhidos 600 milhões de quilos no Rio Grande do Sul.
Como a videira é uma planta de ciclo longo, o bom resultado final é a soma das condições observadas ao longo de todo o ano. “Durante todo o ciclo das vinhas, tivemos excelente comportamento climático”, disse Flávio Zílio, enólogo-chefe da Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves. “Desde a floração, brotação a formação do cacho, tivemos amplitude térmica e precipitação adequadas, o que proporcionou frutos de excelente sanidade e qualidade”. Os agricultores associados à Cooperativa Aurora começaram a colher as primeiras uvas deste ano no dia 3 passado. A previsão é que entreguem no total 60 milhões de quilos este ano.
La Niña
O que vai acontecer daqui para frente, até o final da vindima, só o tempo dirá. A estimativa é de um verão seco, ideal para a plena maturação de todas as variedades, pois este ano o clima está influenciado pelo chamado efeito La Niña, uma espécie de anti-El Niño, o fenômeno cuja presença é sempre associada a chuvas intensas no Sul do país.
Como se sabe, o El Niño se caracteriza pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, na altura do Peru, na época do Natal, o que muda os padrões de vento no mundo, mexe com o clima global e afeta os regimes de chuva nas regiões tropicais.
Já o La Niña, ao contrário, surge pelo esfriamento anormal nas águas superficiais do Pacífico. Quando ocorre, influencia o clima brasileiro de diferentes maneiras. No Norte e no Nordeste, o La Niña costuma ser acompanhado pelo aumento das chuvas. Na região Sul, traz secas severas – geralmente prejudiciais para a maioria das variedades cultivadas como alimento, mas bastante adequada para os vinhedos.
Mauro Zanus, chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, fala sobre a previsão para os próximos meses. “Os prognósticos meteorológicos apontam para uma influência moderada do La Niña, em que ocorreria uma incidência de chuvas menor que o normal, mas este efeito ainda não se confirmou. Tudo indica que essas massas com menor umidade venham até fevereiro”, ressalta. “Estamos acompanhando e conversando com técnicos e os dados apontam para um prognóstico bastante positivo”.
Grande safra
Normalmente, as castas precoces, como Chardonnay e Pinot Noir, escapam das armadilhas do clima – e é bom lembrar que elas são as uvas integrantes dos melhores espumantes nacionais. Quando chove muito ao longo dos meses de vindima, a qualidade das variedades que demoram para amadurecer pode ser comprometida.
Se, como se espera, a região Sul, especialmente a Serra Gaúcha, tiver mesmo um verão mais seco em função do efeito La Niña, haverá mais uma grande safra, como foi a de 2012. O clima vai beneficiar as uvas de ciclo médio, aquelas colhidas no meio do período da safra, como Cabernet Franc, Merlot e Malvasia, e também para as tardias, que amadurecem no final no verão, a exemplo da Cabernet Sauvignon, Tannat e Moscato. Vamos torcer.
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