Setor vinícola do Chile se mobiliza contra incêndios
As entidades que representam o setor vitivinícola do Chile se reuniram para fazer um balanço dos prejuízos causados pelos incêndios que atingem áreas rurais e florestais nas regiões centro e sul do país. Segundo comunicado oficial divulgado hoje pela Wines of Chile, o fogo destruiu 94 hectares de vinhedos nos vales do Maule, Maipo e Colchágua.
Não é muito, diante da superfície ocupada por vinhas no território chileno, que é de 141 mil hectares. Mas as queimadas atingiram principalmente pequenas propriedades, as mais desprotegidas, muitas das quais donas de vinhedos centenários. “Todo o setor vitivinícola está com eles e estamos tomando medidas concretas para identificar os problemas e apoiá-los na busca de soluções reais”, ressaltou o presidente de Wines of Chile, Mario Pablo Silva.
No Maule foram registrados prejuízos em 75 hectares de vinhedos, especialmente na zona costeira, incluindo antigas vinhas de Carignan e País; no Maipo, 10 ha, na área de Pirque; e em Colchágua, 7 ha, em Peralillo e Marchigue. De modo geral, estas terras ficam próximas a colinas e florestas, onde se concentra a maior parte dos incêndios.
Diante da situação, as associações estão mobilizadas para evitar que o fogo atinja outras regiões. Nenhum dano foi registrado nos vinhedos dos vales de Casablanca, Curicó, Itata e Bio-Bio, mas os produtores estão em alerta. Não houve relato de incidentes em Cachapoal
Os incêndios florestais no Chile não são incomuns, normalmente seguindo-se a períodos de seca prolongada. Este ano se mostram particularmente intensos e causaram a morte de 10 pessoas – entre elas, sete brigadistas e carabineiros. Começaram por volta de 15 de janeiro, com focos nas regiões centro e sul, de Coquimbo a Los Lagos. As áreas com maior intensidade foram as de O’Higgins, Maule e Bio Bio. Segundo o Centro Nacional de Alerta Temprana do Ministério do Interior chileno, de 15 a 26 de janeiro as queimadas atingiram 290 mil hectares de florestas, pastagens e áreas agrícolas.
Houve uma sequência de focos. As autoridades acreditam que muitos deles foram iniciados intencionalmente e tomaram grandes proporções por causa das altas temperaturas provocadas por sucessivas ondas de calor que atingiram o Chile nas últimas semanas. A isso se somam ainda a baixa umidade nesta época do ano e ventos com velocidade elevada. O primeiro incêndio, relatado no povoado de Pumanque, na região de Colchágua, foi considerado o maior da história do país.
Terremoto em 2010
Em 2010 o Chile enfrentou outra catástrofe natural. Na madrugada de 27 de fevereiro, um terremoto de magnitude 8,8 na escala Richter sacudiu o centro sul do país, envolvendo Valparaiso, Santiago, O’Higgins, Maule, Bio Bio e Araucania. Foi seguido por um tsunami que devastou muitas povoações litorâneas. O governo chileno contabilizou 525 mortos na tragédia e milhares de moradias destruídas.
O terremoto também trouxe muitos prejuízos para as vinícolas, principalmente nas regiões do Maule, Bio Bio e Itata, onde o governo decretou estado de emergência. Os produtores calcularam perda de 125 milhões de litros de vinho que estavam em barris ou já engarrafados.
Nas proximidades da cidade de Concepción, o tremor provocou danos em quase 40 vinícolas, que tiveram tanques e instalações destruídos. Entre elas, nomes conhecidos, como Carta Vieja, Casas Patronales, J. Bouchon, Terranoble, Via Wine, Canata e Calina. Mas com esforço e dinamismo os problemas foram superados e a vinicultura chilena logo recuperou sua capacidade de produzir grandes vinhos.
Related Articles
Riesling, uma das grandes uvas brancas do mundo, tem longa tradição na Alemanha
Aromas intensos, acidez destacada, muita fruta, bom volume de boca e frescor. Estas características, quando bem trabalhadas, fazem da Riesling
A receita de um dono de restaurantes para aumentar o consumo: desmistificar o vinho e deixar o cliente ser feliz
Entrevista: Murilo Canassa Fala-se muito que o brasileiro consome pouco vinho, que mesmo os que bebem não sabem quase nada
Malbecs argentinos de diversos estilos e tendências
A Wines of Argentina promoveu na semana passada em 100 cidades de 60 países seu Malbec Day, evento dedicado a