Vinhos Verdes melhoram padrão de qualidade

by José Maria Santana | 06/03/2017 20:29

Os Vinhos Verdes ficaram mais conhecidos no Brasil pelo estilo tradicional apreciado desde os tempos dos nossos avós. São brancos leves, frescos e frutados, com o toque de gás carbônico que faz a língua pinicar. Mas esta região localizada no noroeste de Portugal oferece muito mais. Nos últimos anos, houve grandes investimentos nas vinícolas, que melhoraram o padrão de qualidade geral. Seus vinhos, especialmente os brancos elaborados com a casta Alvarinho, conquistam cada vez mais admiradores em todo o mundo. Além disso, a região do Minho produz Vinhos Verdes espumantes, rosés, tintos e até Aguardente Vínica de Vinho Verde.

Vinhos Verdes Paisagem

A região tem 21.000 hectares de vinhas

É o que a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) procura mostrar ao consumidor brasileiro. Demarcada em 1908, a região vinícola é uma das mais antigas de Portugal. Estende-se por 21.000 hectares na região conhecida por Entre-Douro e Minho, limitada a norte pelo rio Minho, na fronteira com a Espanha, e a sul pelo rio Douro, com clima ameno e solos graníticos. Produz 80 milhões de litros de vinho por ano, sendo 86% brancos, 10% tintos e 4% rosados. Cerca de 40% são exportados – e o Brasil está entre seus cinco maiores mercados.

Vinhos Verdes Vale

Exuberância da vegetação pode ser origem do nome

Há várias hipóteses para explicar a origem do nome Vinho Verde. A mais aceita faz referência à exuberante vegetação do Minho. Outra é que, pelo estilo, jovem e fresco, opõe-se aos chamados vinhos brancos maduros típicos de diferentes regiões portuguesas.

A área do Entre-Douro e Minho possui 9 sub-regiões: Lima, Sousa, Amarante, Baião, Cávado, Paiva, Basto, Ave e Monção. As principais castas brancas utilizadas no Minho são Alvarinho, Arinto (Pedernã), Trajadura, Loureiro, Azal e Avesso. Com estas mesmas castas as vinícolas são autorizadas a produzir Vinho Verde Espumante, Rosé e aguardentes vínicas.

Cada sub-região tem suas características, castas recomendadas e as autorizadas. A vinícola só pode indicar DOC no rótulo quando usa as uvas recomendadas, plantadas e vinificadas naquela mesma área. Se o produtor de determinada zona utilizar castas de outras áreas, o rótulo indicará Vinho Regional Minho.

A Alvarinho é a variedade cada vez mais apreciada, pela estrutura e qualidade de seus vinhos. Monção, que inclui Melgaço, é a única que pode produzir Vinhos Verdes com a designação Alvarinho DOC. Mas como esta uva é plantada em quase toda a área demarcada, será permitida a produção de Vinho Verde Alvarinho DOC em todas as sub-regiões. Mas isto, só valerá após a colheita de 2020/2021.

 

Novos rótulos

Em almoço organizado em São Paulo para pequeno grupo de jornalistas especializados, a CVRVV apresentou cinco rótulos que expressam diferentes estilos de Vinho Verde, três deles ainda não distribuídos no país.

Espumante QM 2013Espumante QM Alvarinho Super Reserva 2013

Quintas de Melgaço – Vinhos Verdes – Portugal – Nota 90

Espumante saboroso, produzido com Alvarinho, pelo método clássico, pela Quinta de Melgaços, situada na comuna de Ferreiros de Cima, concelho de Alvaredo, em Melgaço. Reserva, permanece por 12 meses na garrafa, em contato com as leveduras. Amarelo dourado na cor, mostra fruta consistente, a pêssego maduro e manga, em meio a notas florais, de frutas secas e pão. Na boca é amplo, estruturado, com muito boa acidez e frescor. Seco, bem feito (12,2%). Sem distribuição no Brasil.

Soalheiro 2014

Soalheiro Alvarinho Reserva 2014

Quinta do Soalheiro – Vinhos Verdes – Portugal – Mistral – US$ 97.50 – Nota 92

A propriedade da família Cerdeira fica na zona montanhosa de Melgaço e de lá saem alguns dos melhores rótulos da região dos Vinhos Verdes. João António Cerdeira plantou em 1974 a primeira vinha contínua de Alvarinho no Minho e lançou, oito anos depois, o Soalheiro, a primeira marca portuguesa de Alvarinho de Melgaço. O vinho da colheita de 2014, de um belo amarelo dourado, é espetacular, de um nível superior. Amadurece por um ano em barricas de carvalho, 25% novas. Intenso nos aromas, oferece muita fruta madura, a manga, e cítricos, com algo mineral e lácteo. Estruturado, carnudo, longo, tem ótima acidez. Envelhece com perfeição. À mesa, enfrenta pratos consistentes e vai muito bem com bacalhau (12,5%).

Portal do Fidalgo

Portal do Fidalgo Alvarinho 2006

Provam – Vinhos Verdes – Portugal – Casa Flora/Porto a Porto – Nota 90

Os Vinhos Verdes, digamos, normais, ficam melhores se bebidos jovens. Mas os Alvarinho, quando bem feitos, podem mostrar grande longevidade. É o caso deste, com quase 11 anos de idade. De roupagem amarelo dourada, apresenta ao nariz notas fumadas, minerais, em base cítrica. Com bom corpo e estrutura, mantém o frescor. A acidez firme certamente o ajudou a envelhecer, sem perder a vivacidade (13%). A Provam foi criada em 1992 por 10 viticultores da sub-região de Monção, que construíram uma adega moderna e se especializaram em Alvarinho e Trajadura. O vinho da colheita de 2006 já não se encontra no estoque das importadoras. A versão à venda atualmente custa cerca de R$ 100 a garrafa.

Estreia Alvarinho Loureiro

Estreia Alvarinho-Loureiro Colheita Seleccionada 2015

Adega Ponte da Barca – Vinhos Verdes – Portugal – Nota 88

A Adega Cooperativa de Ponte da Barca, que funciona desde 1968, tem hoje 1.100 associados, donos de 900 hectares de vinhas nos vales dos rios Lima e Vez, concelhos de ponte da Barca e Arcos de Valdevez. Em 2008 a cooperativa uniu-se a outras adegas da região para criar a Viniverde, empresa destinada a promover seus produtos em conjunto. O branco, lote de 80% Loureiro e 20% Alvarinho, não é encorpado, mas também não é diluído. Leve, lembra nos aromas e na boca frutas cítricas e tropicais, misturadas a notas de flores brancas. Tem boa acidez e frescor, o que vai bem com comida (11%).

Arca Nova

Arca Nova 2015

Quinta das Arcas – Vinhos Verdes – Portugal- Nota 87

Vinho Verde branco leve, jovem, frutado, com boa acidez e toque de gás carbônico, mostra o estilo mais conhecido dos rótulos da região. A receita mescla 50% Loureiro, 40% Arinto e 10% Trajadura. Sem complicações, com alguma doçura, permanece pouco na boca (10,5%). Sem importador.

 

 

 

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