by José Maria Santana | 17/05/2017 15:07
Terminou a colheita de uvas este ano no Chile e na Argentina. Ao fazer um balanço da safra, produtores e enólogos dos dois países dizem que 2017 foi um ano complicado, com relativa quebra de rendimentos, mas deverá produzir bons vinhos.
Michel Friou, enólogo chefe da vinícola Almaviva, ícone chileno de inspiração francesa, reportou no início de maio: “Terminou a colheita 2017. Nunca havia terminado tão cedo nestes últimos 15 anos”. Foi o resultado de um ano quente, com temperaturas mais altas que o habitual. Na Argentina, ao contrário, foi um ano mais frio. Laura Catena, filha do grande Nicolás Catena e diretora geral da Catena Zapata, ressaltou que por isso a região de Mendoza teve mais uma colheita com baixos rendimentos. “No entanto, estamos encantados com a concentração, os aromas explosivos e com a excelente acidez ressaltada pelo clima frio”, registrou ela dias atrás.
Chile
A vindima começou quase três semanas antes do tradicional. A equipe da Santa Carolina, por exemplo, começou a colher em fevereiro, por Sauvignon Blanc e Chardonnay. Terminou no final de abril pela Carmenère, a cepa mais tardia.
O tórrido verão trouxe outra consequência, além de antecipar a colheita: os incêndios florestais que atingiram áreas rurais no centro-sul do país. Ainda não se sabe se a fumaça intensa terá alguma influência nas uvas das regiões afetadas e, posteriormente, no sabor dos vinhos.
Foi um ano de rendimentos reduzidos. Estima-se que o Chile deverá produzir em 2017 cerca de 1 bilhão de litros de vinho, 15% menos do que as médias alcançadas depois de 2010. Em 2016 também houve quebra de produção, no caso, de tintos, pelas chuvas fora do comum verificadas em abril. Para os vinhateiros, estes fenômenos extremos refletem as mudanças no clima do planeta, a que todos precisam se adaptar daqui para frente.
Ainda sobre a última safra, se por um lado a quantidade foi baixa, os enólogos comemoram a boa qualidade. “As primeiras impressões sobre os vinhos são muito positivas: cores intensas, frutos maduros, complexidade, densidade e concentração”, ressalta Michel Friou, da Almaviva, parceria entre a Concha y Toro e o grupo francês Baron Philippe de Rothschild.
Argentina
Depois dos problemas enfrentados na safra de 2016, a mais fria e escassa em três décadas, por conta da presença do fenômeno climático El Niño, os produtores argentinos esperavam um ano de trégua. “Mas a natureza é que decide, e em 2017 tivemos outro ano de rendimentos baixos”, escreveu Laura Catena, que comanda o dia a dia da vinícola de sua família em Mendoza.
Segundo ela, as geadas de primavera, provocadas por um clima mais seco e ligeiramente mais frio do que o habitual, reduziram a produtividade, especialmente no Vale de Uco, onde a Catena Zapata tem a maioria de seus vinhedos. Laura nota que a queda foi sentida especialmente na Malbec, uva sensível às mudanças climáticas.
Por outro lado, a qualidade promete surpreender. “Posso dizer, com honestidade, que esta possivelmente seja nossa melhor safra desde que comecei a trabalhar com meu pai, em 1995”, festejou Laura Catena. Em condições de clima seco e moderado, os baixos rendimentos conferem maior concentração aos vinhos.
A colheita começou adiantada, em janeiro e fevereiro, e se estendeu a março, período em que houve menos chuvas do que o normal na região. As precipitações chegaram para valer no final de março, começo de abril, mas aí quase todas as uvas já estavam na adega.
Na Argentina, a safra de 2017 rendeu perto de 1,8 milhão de toneladas de uvas, cerca de 20% menos do que em anos anteriores.
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