A chilena Viña Carmen apresenta linha DO, com intervenção mínima
Denominación de Origen. A vinícola chilena Viña Carmen, braço da gigante Santa Rita, está lançando uma linha de vinhos bastante interessante, a D.O., que tem esse nome por expressar realmente a origem dos tintos e brancos integrantes da série, com um mínimo de intervenção. São vinhos produzidos com uvas pouco usuais no país, fornecidas por pequenos agricultores, donos de vinhas velhas e muito especiais, com leveduras nativas e em quantidades reduzidas.
A linha DO foi apresentada dias atrás em São Paulo pela jovem enóloga Emily Faulconer, 32 anos, em evento organizado pela importadora Mistral, que distribui os produtos de Viña Carmen no Brasil. Emily trabalhou no inovador projeto Alcohuaz, de Marcelo Retamal, no Vale de Elqui, comandou a equipe de Viña Arboleda, de Eduardo Chadwick, e está há três meses no novo cargo, substituindo o experiente Sebastián Labbé, promovido a enólogo responsável pelos vinhos premium de todo o grupo Santa Rita.
O projeto DO foi idealizado por Labbé. Cada rótulo traz a identificação da família proprietária do vinhedo, ou do local em que ele se situa, e da casta utilizada. Faz parte da lista o excepcional branco Carmen DO Quijada 1 Semillón 2016, de Apalta. Entre os tintos, há o Carmen DO Malozal El Bajo Portugais Bleu 2016, que vem da zona de Malozal, no vale do Maule. A uva Portugais Bleu é muito rara, normalmente usada em cortes. Aqui, pelo equilíbrio natural das vinhas velhas, deu um tinto expressivo.
Ainda melhor é o Carmen DO La Cancha Malbec 2016, proveniente de uma parcela especial de um pequeno vinhedo que Labbé descobriu em Marchigue, no vale de Colchagua. Mas para beber hoje, o mais prazeroso é o Carmen DO Matorral Chileno Syrah/Cinsault/Viognier 2016. Abaixo vamos falar mais dele e do único branco do projeto.
Sobre Viña Carmen
Fundada em 1850, Viña Carmen é a vinícola mais antiga em atividade no Chile. Em 1987, foi comprada pelo empresário Ricardo Claro e incorporada ao seu grupo Santa Rita. A empresa, situada no Alto Maipo, foi modernizada e passou a viver bons momentos. Em 1994, em seus vinhedos foi feita a descoberta de que uma uva até então sempre confundida no país com a Merlot era, na verdade, a Carmenère, também de origem francesa, e que se pensava desaparecida. É uma das pioneiras no Chile a trabalhar com uvas orgânicas. Viña Carmen produz 4,8 milhões de garrafas de vinho por ano.
Carmen DO Quijada 1 Semillón 2016
Viña Carmen – Vale de Apalta – Chile – Mistral – US$ 68.50 – Nota 93
Este branco volumoso é elaborado com as uvas de um pequeno vinhedo plantado em Apalta nos anos 1950 pela família Quijada. A Semillón entra com 95% do lote, temperada por 5% de Sauvignon Blanc, para reforçar aromas e acidez. Fermenta em barricas de carvalho, onde permanece por mais 14 meses, em contato com as borras. Intenso, traz ao nariz notas florais, de erva doce e anis, em base de damasco e frutas brancas. Delicioso na boca, é gordo, amplo, estruturado, mas muito macio e com boa acidez. Um vinho notável, de que foram produzidas 4 mil garrafas (13,5%).
Carmen DO Matorral Chileno Syrah/Cinsault/Viognier 2016
Viña Carmen – Colchagua-Itata – Chile – Mistral – US$ 68.50 – Nota 92
Tinto maduro e muito elegante, em que a Syrah (65% do corte) e a Cinsault (30%) vêm do vale de Apalta, em Colchagua, e a Viognier (5%), do vale de Itata, no Sul do país. A Syrah fermenta junto com a Viognier e a Cinsault passa por maceração carbônica, em que os bagos são processados inteiros. O resultado é muita fruta vermelha madura, lembrando groselha, com notas de anis, figo e amora. Na boca se mostra equilibrado e macio, com grande persistência e elegante final. Criativo, sem deixar de ser natural. Dele foram produzidas apenas 2.400 garrafas.
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