Vinci completa 10 anos, cresce e consolida identidade própria

by José Maria Santana | 24/10/2017 11:40

No começo foi difícil mostrar ao mercado que as importadoras Mistral e Vinci não eram uma única empresa, embora pertencessem ao mesmo dono, o empresário Ciro Lilla. Mas ao comemorar este mês 10 anos de atividade, com portfólio, equipes e estratégias diferentes da Mistral, a irmã mais nova festeja também a conquista de identidade própria. “A Vinci já é bem conhecida e hoje tem seu lugar no mercado”, diz Ciro. “E está crescendo”.

Ciro Lilla: a Vinci está crescendo

A forte associação entre as duas empresas era inevitável no início, pelo berço comum e a ligação com Ciro Lilla, empresário muito respeitado por todo o setor. Apaixonado por vinhos, ele comprou a Mistral em 1992, então uma pequena importadora fundada em 1974 por um empresário francês. Com dedicação, seriedade e faro para descobrir novos produtores e rótulos diferenciados, Ciro expandiu o catálogo e transformou a Mistral na maior importadora de vinhos do Brasil. Eram 300 produtores de 15 países, com mais de 3.000 vinhos diferentes.

Mas chegou um ponto em que ficou inviável administrar tantos interesses. Em 2007, Ciro decidiu então dividir para administrar seu negócio com mais eficiência. Separou algumas vinícolas especiais e criou uma nova importadora, a Vinci, com instalações, equipe e vinhos distintos da Mistral. “Assim vamos atender melhor os produtores, e o consumidor fica menos confuso”, destacou o empresário na época.

Uma das estrelas do catálogo

A Vinci já nasceu grande. Seu primeiro catálogo oferecia mais de 700 tintos e brancos. Entre eles, estrelas como O. Fournier, os irreverentes rótulos de Bonny Doon, da Califórnia, Spinetta, da Itália, ou os estupendos Viña Tondonia, da Rioja. Hoje distribui cerca de mil vinhos de 150 produtores, de 12 países. “A Vinci representa 15% do faturamento do grupo”, informa Ciro. Segundo ele, a caçula da família “tem estrutura que lhe permite crescer sem alterar seu quadro atual”.

E está crescendo. Embora os catálogos muitas vezes sejam complementares, concorre com a Mistral e disputa palmo a palmo com ela a preferência de restaurantes e lojas para seus produtos. “É uma concorrência saudável e amistosa”, afirma Raquel Picolo Salvador, diretora da Vinci. “O mercado é muito grande e tem espaço para todos”.

No portfólio atual também brilham outros vinhos premiados, como o CVNE Imperial Gran Reserva, da Espanha; os italianos I Sodi di San Niccoló, da vinícola Castellare di Castellina, e Flaccianello, supertoscano da Fontodi; e os Portos da tradicional casa Niepoort.

Alguns campeões

“No começo tínhamos até mais produtores. Mas decidimos reduzir e focar em vinhos com uma faixa média de preços”, completa Ciro Lilla. De acordo com Raquel, os campeões de venda da Vinci seguem esta estratégia: são os rótulos da italiana Piccini; da Kaiken, a vinícola argentina criada pela chilena Montes (esta uma das estrelas da Mistral); os argentinos Tilia, Luca e La Posta (todos da família Catena e que não estão na Mistral); e os tintos e brancos da Robertson Winery, da África do Sul.

Na semana passada, para comemorar os 10 anos a equipe da Vinci organizou degustação de vinhos representativos de seu catálogo, incluindo alguns lançamentos e rótulos incorporados recentemente, como os sensacionais vinhos da chilena Casa Marin. Selecionamos aqui um branco e três tintos que expressam a trajetória da importadora nessa primeira década de existência.

 

Montecore Chardonnay/ Fiano di Puglia 2016

Masseria Trajone – Puglia – Itália – Vinci – R$ 75 (US$ 21.90) – Nota 89

Com sede no Lazio, zona do Frascati, perto de Roma, a Masseria Trajone é parte do grupo Femar Vini, da família Mergè, e tem propriedades no centro e no sul da Itália. Dos vinhedos da Puglia, no extremo sul do país, vem este branco delicioso, recém incluído no catálogo da Vinci, que combina nos aromas pera, melão e damasco, em meio a notas de flores brancas e de ervas perfumadas. Delicado, mas com boa estrutura, tem acidez gostosa, é aveludado e fresco. Vai muito bem como aperitivo e pode acompanhar pratos leves de peixes e frutos do mar (13%).

 

Tilia Malbec 2016

Bodegas Esmeralda – Mendoza – Argentina – Vinci – R$ 60,20 (R$ 15.90) – Nota 89

Tilia é uma linha especial de Bodegas Esmeralda (do grupo Catena Zapata), proveniente de vinhedos antigos, alguns com mais de 60 anos, manejados com as práticas da agricultura sustentável. Reúne tintos e brancos elaborados pelo experiente enólogo Alejandro Viggiani, que sabe exaltar a fruta, sem abusar da madeira. O Malbec vem de um vinhedo plantado há mais de 50 anos, e repousa por 9 meses em barricas de carvalho francês e americano (25% novos). Ao nariz traz notas florais, leve tostado e muita fruta madura, que lembra cereja. Tem corpo médio, é macio, estruturado e, pelo frescor, acompanha bem comida, especialmente carne grelhada (13,5%).

 

Piccini Chianti 2014

Piccini – Toscana – Itália – Vinci – R$ 78,80 (US$ 22.90) – Nota 90

A vinícola Piccini, tradicional nome da Toscana, foi criada em 1882 com apenas 7 hectares de vinhedos e vendia Chiantis nos antigos fiascos de palha. Hoje é comandada pela quarta geração da família Piccini e tem mais de 400 hectares de terras em quatro propriedades na Toscana e Basilicata, onde produz 20 milhões de garrafas por ano.  Seu Chianti, básico, é proveniente de vinhedos situados perto de Siena, no coração da Toscana. A Sangiovese predomina (95%), temperada por 5% de Ciliegiolo, e não tem passagem por madeira. Um tinto macio, com boa presença, que mostra nos aromas frutas vermelhas, como framboesa. Em corpo médio, tem taninos maduros, acidez firme a grande frescor. Apresenta boa relação de preço para um vinho desta categoria. Ótima companhia para pizzas ou massas com molho vermelho (12,5%).

 

I Sodi di San Niccolò 2010

Castellare di Castellina – Toscana – Itália – Vinci – R$ 507,80 (US$ 147.50) – Nota 94

Castellare di Castellina surgiu nos anos 1970, época do renascimento do vinho italiano, da fusão de quatro antigas propriedades agrícolas feita por Paolo Panerai. O objetivo era produzir vinhos de qualidade, o que foi plenamente alcançado. San Niccolò era uma dessas aziendas e o magistral tinto que menciona seu nome é um corte de 85% Sangiovese e 15% Malvasia Nera, com extenso estágio em madeira (de 15 a 30 meses, dependendo da safra). Rico, complexo, equilibrado e elegante, é daqueles tintos que não se esquece. Os aromas lembram ameixa, tabaco, especiarias, chocolate e fruta bem madura. Na boca é estruturado, macio, sem nada fora do lugar, com final intenso e bastante persistente. É um vinho que se bebe com grande prazer (13,5%).

 

 

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