Quinta da Lagoalva de Cima, algo do Novo Mundo no Tejo
Situada no coração da região vinícola portuguesa do Tejo, a Quinta da Lagoalva de Cima tem história rica e muita tradição no manejo das castas lusas típicas. Mas nos últimos anos ganhou espaço com tintos e brancos produzidos também com uvas internacionais. Este ar de Novo Mundo no Velho Mundo se deve, sem dúvida, às inovações introduzidas pelo jovem enólogo da casa, Diogo Campilho, 37 anos, um dos herdeiros da propriedade, que estudou e trabalhou por três anos na Austrália.
Na semana passada, Diogo esteve mais uma vez em São Paulo para divulgar seus vinhos, distribuídos aqui pela importadora Mistral. Na prova, alguns rótulos de perfil moderno chamaram mais a atenção, como um branco barricado de Sauvignon Blanc e dois tintos com protagonismo da Syrah.
A Quinta da Lagoalva de Cima é um dos nomes mais expressivos da região Tejo (antes chamada de Ribatejo). A propriedade estende-se pela margem sul do rio Tejo, na Freguesia de Alpiarça, distrito de Santarém. Sua história está ligada à antiga nobreza de Portugal. Em 1834, a Quinta da Lagoalva foi comprada por Henrique Teixeira de Sampayo, 1º conde da Póvoa.
Em 1842, todos os bens passaram para D. Maria Luísa Noronha de Sampaio, que se casa em 1846 com D. Domingos António Maria Pedro de Souza e Holstein, 2º Duque de Palmela. A partir daí, a herdade ficou sempre em mãos dos descendentes da Casa de Palmela – aparentados também com os Orleans e Bragança da família real brasileira.
Hoje, a Sociedade Agrícola Quinta da Lagoalva de Cima, comandada pelo pai, Manuel, e tios de Diogo Campilho, possui 7 mil hectares de terras no Tejo e em outras regiões portuguesas. É um complexo agrícola que se dedica ao cultivo de cereais, criação de cavalos de raça, turismo rural, exploração florestal, fornecimento de tecnologia agrícola, distribuição de produtos alimentícios, à produção de azeite e, claro, de vinhos.
Diante do tamanho das terras pertencentes à família, a área ocupada por vinhedos é relativamente pequena – 50 hectares. Segundo Diogo, a ocupação vai aumentar aos poucos, incluindo a reconversão de parte das vinhas. Ali estão plantadas castas portuguesas autóctones e mundiais. Entre as brancas há Arinto, Fernão Pires, Verdelho, Alvarinho, Sauvignon Blanc e Chardonnay; na ala tinta, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz, Castelão, Cabernet Sauvignon, Syrah e Tannat.
Colocando em prática o que Diogo apendeu na Austrália, a colheita é feita à noite, para obter uvas com mais frescor. A empresa produz 350 mil garrafas de vinho por ano.
Os vinhos
Os rótulos de entrada seguem a tradição portuguesa. Já em alguns vinhos de alta gama da casa se nota a inspiração australiana, nas uvas e no estilo.
Lagoalva Tinto 2015
Quinta da Lagoalva de Cima – Tejo – Portugal – Mistral – R$ 66,95* – Nota 88
Tinto correto e macio, elaborado com castas portuguesas. Marcado por frutas vermelhas, apresenta boa acidez, em corpo médio. Um vinho fácil de entender, sem complicações (13%).
Lagoalva Barrel Selection Branco 2014
Quinta da Lagoalva de Cima – Tejo – Portugal – Mistral – R$ 247,50* – Nota 91
Branco de perfil moderno, elaborado com 100% Sauvignon Blanc fermentada em carvalho. Algo discreto nos aromas, sem a exuberância mostrada por brancos feitos com esta uva no Novo Mundo, mas com agradável mineralidade, em meio a notas fumadas, de erva-doce e frutas secas. Na boca traz cítricos e caju, é estruturado, amplo e equilibrado. Seco, fino, a acidez firme acentua o frescor final (12%).
Quinta da Lagoalva Vinha da Avó 2013
Quinta da Lagoalva de Cima – Tejo – Portugal – Mistral – R$ 146* – Nota 90
Tinto sedoso, elaborado com uvas de uma vinha velha, plantada em solos arenosos pela avó de Diogo Campilho. Em 1950, seu pai, Manuel Campilho, fez a reenxertia com as variedades Syrah e Touriga Nacional, que entram na composição do vinho. Ao nariz lembra anis e mentol, em base de fruta madura, a amora. Tem taninos firmes, mas é macio, equilibrado e persistente. Pela boa acidez, vai bem com comida (13,5%).
Lagoalva de Cima Syrah 2012
Quinta da Lagoalva de Cima – Tejo – Portugal – Mistral – R$ 318,40* – Nota 92
Um dos pioneiros em Portugal a incorporar a Syrah, tornou-se um cult para consumidores e imprensa especializada do país. A fama é merecida, pois se trata de um tinto elegante e muito gostoso. Nos aromas há notas tostadas, especiarias, ameixa e algo de mentol. Potente, estruturado, macio, oferece jogo harmonioso entre madeira e fruta, com larga persistência e frescor final (14%).
Mistral Importadora – Site: www.mistral.com.br. – Fone: (11) 3372-3400.
* Os preços indicados acima são cheios. O site da importadora informa que todos estes vinhos estão em promoção no momento, oferecidos com desconto
de 10% a 20%.
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