Veuve Clicquot apresenta o novo Extra Brut Extra Old, a primeira grande novidade da casa em 13 anos
O consumidor que gosta de champagne, e de outros espumantes, parece caminhar naturalmente para vinhos mais secos do que o usual. Para atender a esse público, a tradicional casa francesa Veuve Clicquot, aquela do rótulo amarelo, lança no Brasil seu mais novo produto, o Veuve Clicquot Extra Brut Extra Old.
Quem apresentou o inovador EBEO em São Paulo, na semana passada, foi o próprio chef de cave da maison, o experiente enólogo Dominique Demarville. Sem fugir do estilo da casa, o novo champagne é, no mínimo, diferente. Mantém na estrutura predomínio da Pinot Noir, mas com mais leveza e frescor.
A Veuve Clicquot Ponsardin faz parte do conglomerado de luxo LVMH. O EBEO, lançado no ano passado na França, é a primeira grande novidade da empresa desde 2004, quando foi criado o Veuve Clicquot Rosé não safrado – sem contar o aparecimento do Veuve Clicquot Rich, em 2015, um champagne demi-sec para ser tomado com gelo ou em coquetéis. O inovador EBEO é diferente do restante da família por muitas razões.
Foi produzido apenas com vinhos base antigos, da preciosa reserva da maison, o mais novo de 2010 e o mais velho de 1988, provenientes dos melhores crus da região de Champagne. A pressão deixada pela presença do gás carbônico na garrafa aqui também é menor. Ao contrário das 5 ou 6 atmosferas usuais, o EBEO apresenta 4,5 bar, o que reforça a cremosidade e leveza.
Outra diferença está na menor dosagem de açúcar – 3 gr. por litro, contra, por exemplo, os 10 gr/l encontrados no Brut Carte Jaune, o “Rótulo Amarelo”, referência do padrão da casa – aliás, um estilo bem ao gosto do consumidor brasileiro médio, pois é o champagne mais vendido no país.
Explorando os vinhos de reserva
O simpático Dominique, na empresa há 17 anos, conta que o projeto do Extra Brut Extra Old começou a ser trabalhado em 2011. “A ideia era buscar a verdadeira essência do Carte Jaune, nosso champagne mais emblemático”, diz o enólogo. A propósito, o EBEO tem rótulo negro, como se fosse o negativo do amarelo marcante do Brut corrente da marca.
Ao pensar no novo produto, o primeiro passo foi explorar a riqueza dos vinhos base antigos guardados nas caves da empresa em Reims. Segundo Dominique, a Veuve Clicquot tem mais de 400 vinhos de reserva, armazenados com as borras finas em tanques de inox, à temperatura média de 13º C. São guardados separadamente, de acordo com as três uvas autorizadas na região de Champagne, com as quais foram elaborados – as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier e a branca Chardonnay.
O mais novo é proveniente da safra de 2016 e, o mais velho, de 1988. Entre um e outro são 17 safras diferentes à disposição da equipe de enologia. As diferenças de idade proporcionam grande diversidade de aromas e texturas, o que é importante para o assemblage.
Na Champagne, os vinhos reserva são mesclados aos vinhos da safra do ano para preservar o estilo de cada casa. Para se ter uma ideia, no Veuve Clicquot Brut Carte Jaune (o Yellow Label conhecido internacionalmente) a receita utiliza em média de 50 a 55% de vinho da safra do momento, de 30 a 35% vinhos de reserva com até três anos de idade, de 5 a 10% de vinhos até 10 anos e somente 3% acima disso.
No caso do Extra Brut Extra Old, todos os vinhos base foram retirados da reserva da vinícola. A equipe de Dominique Demarville provou cada um deles e selecionou seis safras diferentes. O mais novo foi o Pinot Meunier 2010 proveniente de vinhedos da comuna de Ville Dommange. Também foram escolhidos o Pinot Noir 2009 de Aÿ; Chardonnay 2008 de Villers Marmery; Pinot Noir 2006 de Verzy; Pinot Noir 1996 de Loche sur Ource; e Chardonnay 1988 de Cramant.
A primeira versão foi mesclada em 2013. Portanto, à época o vinho mais novo já estava com três anos de tanque, em contato com as borras finas. Depois de engarrafado, para fazer a segunda fermentação pelo sistema consagrado em Champagne (método tradicional ou clássico), permaneceu por mais três anos nas caves, para ganhar complexidade. A menção Extra Old no rótulo faz referência a esta dupla maturação.
Dominique explica que ao fazer a segunda fermentação na garrafa optou por um sistema adotado antigamente em Champagne, o de colocar menor quantidade de açúcar no chamado licor de tiragem, para a tomada de espuma. Com isso, a produção de gás carbônico também é menor, resultando em 4,5 atmosferas e maior cremosidade.
A equipe testou ainda diferentes quantidades de açúcar para compor a dosagem final do Extra Brut – o licor de expedição – concluindo que 3 gr. por litro era a proporção ideal, por dar mais equilíbrio ao espumante. Apenas para lembrar, pela legislação de Champagne a porcentagem para a classificação Extra Brut é de 0 a 6 gr. de açúcar por litro de vinho. Ou seja, é mais seco do que o Brut, em que a dosagem é de até 12 gr/l.
A grande dama da Champagne
Depois da primeira edição, apresentada em 2017, a Veuve Clicquot tem produzido regularmente o Extra Brut Extra Old. Embora em quantidades reduzidas, para não prejudicar o estoque de vinhos reserva da casa, o EBEO passa a fazer parte permanente desta família de grande prestígio, que tem mais de 300 de história e se mantém sempre atualizada.
A empresa foi fundada em 1772 por Philippe Clicquot e ganhou impulso a partir de 1805, quando passou a ser comandada por Barbe-Nicole Ponsardin. Ela se casou em 1798, aos 20 anos, com François Clicquot, filho e herdeiro de Philippe e, mesmo não sendo costume das mulheres à época, acompanhava o marido em suas andanças pelos vinhedos e nas viagens de negócio. Ficou viúva com apenas 27 anos.
Tinha uma filha de seis anos, Clementine, e herdou uma fortuna considerável. Em vez de se acomodar à confortável situação financeira, assumiu a condução da empresa da família, em Reims. Aprofundou seus conhecimentos sobre o cultivo de uvas e produção de vinho. Infatigável, corajosa e dotada de grande visão, a viúva Clicquot (veuve, em francês), transformou-se em uma das maiores empresárias de seu tempo, considerada a grande dama de Champagne.
Seus feitos são inúmeros. Em 1810, sob sua liderança, a casa criou o primeiro champagne safrado da França. E oito anos depois, o primeiro champagne rosé safrado, produzido pela mescla de uma porcentagem de vinho tinto ao vinho base branco – outra ideia de Nicole-Barbe, pois antes os rosés da Champagne eram obtidos por sangria e não tinham tanta estrutura.
Quando o mercado inglês se fechou aos vinhos franceses por causa das guerras de Napoleão, ela enfrentou o bloqueio naval e em 1814 enviou um navio carregado de champagne à Rússia, conquistando assim um novo e importante espaço. Mais tarde, levou seus rótulos também para Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.
Mesmo com o sucesso, Madame Clicquot percebeu que o champagne, para ter mais finesse, precisava eliminar um ponto vulnerável: as impurezas que se acumulavam no fundo da garrafa, deixadas pelas leveduras mortas no decorrer da segunda fermentação. Aquilo a incomodava, pois dava má impressão à bebida. Fazendo experiências em sua pesada mesa de cozinha, ela desenvolveu o remuage, o processo em que as garrafas de champagne são colocadas em um cavalete e recebem um giro semanal, de modo que os sedimentos se concentram no gargalo, de onde são facilmente retirados.
Perfeccionista, dizia que seus vinhos deveriam ter “uma só qualidade, a primeira”. Quando morreu, aos 89 anos, Madame Clicquot já era uma lenda em Champagne. Em 1986, a empresa Veuve Clicquot Ponsardin foi incorporada pelo grupo de produtos de luxo LVMH, o mesmo das casas Moët & Chandon e Krug.
Os vinhedos da Veuve Clicquot, situados em Reims, estendem-se por quase 400 hectares. E em suas caves subterrâneas repousam cerca de 35 milhões de garrafas. O luminoso rótulo amarelo é sempre garantia de um espumante natural de qualidade única, associado à mulher visionária que lhe deu o nome.
Veuve Clicquot Extra Brut Extra Old
Veuve Clicquot – Champagne – França – Moët Hennessy do Brasil – R$ 670 – Nota 93
Fino e vibrante, é produzido com 50 a 55% de Pinot Noir, 28 a 33% de Chardonnay e 15 a 20% de Pinot Meunier, todos vinhos de reserva. A predominância das uvas tintas no assemblage reforça a estrutura do espumante, sem perder a elegância. Mostra borbulhas finas, intensas e traz ao nariz notas de fruta madura, pêssego, de cítricos, de frutas secas e pão. Na boca é cremoso, com acidez viva, final cítrico e muito frescor. Seco (3 gr. açúcar por litro), mas macio, sem nenhuma agressividade. Complexo e profundo, tem a classe dos champagnes especiais (12%). Deve chegar ao mercado brasileiro em junho.
SAC Moët Hennessy do Brasil: (11) 3062-8388
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