Nova Zelândia comemora o Dia Internacional da Sauvignon Blanc

by José Maria Santana | 02/05/2019 17:12

Nesta sexta-feira, 3 de Maio, em muitos países se comemora o Dia Internacional da Sauvignon Blanc. A casta é originária da região de Bordeaux, na França, mas se deu bem em diversos locais, como Chile, Uruguai, África do Sul e principalmente na Nova Zelândia, que virou uma espécie de referência mundial para vinhos brancos feitos com esta uva. Por isso, os festejos são mais intensos entre os neozelandeses.

Aqui em São Paulo, para marcar a data o Consulado Geral da Nova Zelândia faz amanhã evento especial para jornalistas. Em seu Sauvignon Blanc Day serão provados mais de uma dezena de vinhos de diferentes vinícolas, distribuídos aqui por diversas importadoras. Entre eles, Brancott (Casa Flora); Hunter’s Kaho Roa e Clearview Reserve (Premium Wines); Craggy Range e Wild Rock (Decanter); Griesen (Rede Oba); e Crossroad e 3 Stones (Vinho & Ponto).

Na sequência, às 16h30 haverá uma minifeira em que poderão ser degustados rótulos de Sauvignon Blanc de vários produtores, no Studio Carla Pernambuco – Rua Sergipe, 768 – Higienópolis. Também para promover o vinho, nestes dias as importadoras participantes do evento vão dar descontos especiais para suas marcas com Sauvignon Blanc.

Até 10 de maio a Premium Wines venderá 14 rótulos com 20% de desconto, mesma redução oferecida pela Enoteca Decanter. A Mistral e a Vinci darão 10% de desconto em brancos feitos com a casta, de amanhã a domingo (3 a 5 de maio). A empresa Vinho & Ponto oferece em seu site até sábado, 15% de desconto para quem comprar as marcas da Nova Zelândia que representa. E até o dia 10 próximo, a Rede Oba dará descontos no vinhos neozelandeses vendidos em suas unidades.

 

Sauvignon Blanc e N. Zelândia

Vinícola Brancott, em Marlborough

Historicamente a Sauvignon Blanc não teve tanto sucesso como, por exemplo a Chardonnay, presente em todos os cantos do planeta. A situação mudou nos últimos anos, por dar origem a vinhos com intensidade de aromas, estrutura e grande frescor. Na França, a Sauvignon Blanc está presente nos brancos sérios e longevos de Bordeaux e nos bons exemplares de Sancerre e Pouilly-Fumé, do vale do rio Loire. Mas o sucesso recente se deve aos vinhos desenvolvidos no Novo Mundo – e aí entra a Nova Zelândia.

O casamento foi bom para ambas as partes. A Sauvignon Blanc deu-se maravilhosamente bem no país e, por outro lado, colocou a emergente Nova Zelândia no mapa da vinicultura mundial. Foi mais ou menos o que aconteceu com a Syrah na Austrália, com a Cabernet Sauvignon no Chile, com a Malbec na Argentina.

A Nova Zelândia, como se sabe, é formada por duas grandes ilhas. De modo geral, o clima é temperado frio. O cultivo das vinhas começou na ilha Norte, de latitudes mais baixas. Migrou depois em direção ao sul, em busca de latitudes mais elevadas e temperaturas mais frescas. Entre as regiões mais famosas do país estão Hawkes Bay (a sudeste da Ilha Norte) e Marlborough (a nordeste da Ilha Sul). Há outras, como Auckland/Northland, Waikato, Bay of Plenty, Gisborne e Wairarapa (na Ilha Norte); Nelson, Canterbury e Otago, na latitude mais elevada de cultivo de vinhas no hemisfério, a 45°S, favorável para a Pinot Noir (Ilha Sul).

A Sauvignon Blanc tem seu terroir preferido em Wairarapa, especialmente na sub-zona de Martinborough, na Ilha Norte, e em Marlborough, na Ilha Sul. Curiosamente, não foi a primeira escolha dos produtores do país. Sem nenhuma tradição vinícola, na década de 1960 eles plantaram por todo lado a casta alemã Müller-Thurgau, de desempenho considerado medíocre.

Uma nova etapa se iniciou na década seguinte, com o plantio especialmente de Sauvignon Blanc, Chardonnay e Pinot Noir, a partir de mudas selecionadas no Vale do Loire e na Borgonha. Houve cuidados na adaptação ao clima local e os resultados não tardaram a aparecer. No caso da Sauvignon Blanc, as primeiras vinhas foram plantadas em 1973.

O reconhecimento internacional veio por volta de 1985, devido ao sucesso do Cloudy Bay (hoje integrante do grupo francês LVMH – Moët Hennessy Louis Vuitton). Depois disso, rótulos neozelandeses feitos com outras castas, como Pinot Noir e Chardonnay, também ganharam prestígio. A Sauvignon Blanc, porém, não perdeu a primazia.

 

Sem excesso de herbáceos

Vinhas da Craggy Range

Muitos Sauvignon Blanc produzidos no Novo Mundo são marcados por aromas herbáceos intensos e de fruta tropical, como maracujá. Alguns apresentam até notas inusitadas, descritas como “xixi de gato”. Jancis Robinson, em seu “Guia de Castas” (de 1996 – com versão portuguesa da Editora Cotovia – 2000 – Lisboa), escreve a respeito: “Os cientistas dizem-nos que os compostos aromáticos responsáveis (por isso) são as metoxipirazinas”. Quando em excesso, as pirazinas transferem caráter vegetal, herbáceo, tanto a brancos quanto a tintos.

Ela acrescenta que estes aromas pouco sugestivos podem surgir em uvas Sauvignon de videiras cultivadas em solos pesados. Já nos locais adequados, e quando bem cuidada, a variedade dá origem a brancos secos estupendos, a exemplo dos vinhos do Loire. Os bons Sauvignon Blanc da Nova Zelândia estão nesta segunda categoria. Destacam-se pelo frescor e equilíbrio, sem excessos herbáceos.

Como acontece na França, o uso da madeira é discreto. Há ótimos vinhos de Sauvignon Blanc neozelandeses frutados, limpos e estruturados, sem estágio em carvalho. Em outros, a passagem equilibrada pelas barricas traz ais complexidade, sem perder o frescor.

Nos dois estilos, combinam muito bem com entradas, saladas, frutos do mar, ceviches, peixes grelhados, salmão, carne de porco, massas leves e comida thai. Um casamento clássico é Sauvignon Blanc com queijo de cabra.

 

 

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