Garzón lança nova safra do top Balasto. A dúvida: qual o melhor, 2016 ou o novo 2017?

by José Maria Santana | 31/10/2019 12:31

Balasto: até agora, três safras

Já está à venda na importadora World Wine, do grupo La Pastina, a nova safra do Balasto, o tinto top da bodega uruguaia Garzón. O 2017 mantém o nível de qualidade observado desde a primeira edição, em 2015. É um vinho soberbo, que alia potência e elegância, como os grandes rótulos do mundo.

Nós o provamos agora em outubro, junto com um de seus autores, o enólogo Germán Bruzzone. Fica a dúvida: qual o melhor, este 2017, ou o 2016, que também era monumental? O que se pode dizer com certeza: ambos são ótimos … e diferentes.

No mercado internacional, o Balasto é comercializado a partir da praça de Bordeaux, na França, posição reservada apenas a rótulos de prestígio. Este detalhe, que não é pequeno, mostra a projeção alcançada pela Garzón, criada em 2008 pelo bilionário argentino Alejandro Bulgheroni.

Empresário do setor petroleiro, ele já investiu mais de 1 bilhão de dólares no mundo do vinho e hoje possui um império com 15 vinícolas – além do Uruguai, é dono de propriedades na Itália, França, Argentina, Estados Unidos e Austrália (veja mais informações[1]). Mas o reconhecimento mundial veio mesmo com a Garzón.

Bodega Garzón, a 18 km do mar

A bodega é uma das mais modernas e inovadoras do Uruguai e do mundo. Fica em Pueblo Garzón, departamento de Maldonado, a 60 km do conhecido balneário de Punta del Este, na costa sudeste do país. Apaixonado pelo lugar, Bulgheroni comprou ali 5 mil hectares de terras, em 2000, pensando inicialmente em implantar projeto voltado para o agronegócio, especialmente com a produção de azeite.

A ideia da vinícola surgiu oito anos mais tarde e, como em tudo o que faz, ele não poupou recursos. Contratou o renomado enólogo italiano Alberto Antonini, fez pesquisas de solo, mandou plantar os vinhedos e começou a produzir vinhos, que logo se destacaram pela qualidade, como o Tannat Reserva e o branco Albariño.

Em março de 2016, Bulgheroni inaugurou a nova e espetacular adega da Garzón, com 19 mil m² de área construída, totalmente sustentável. Seguindo princípios defendidos por Antonini, une o que existe de mais moderno em tecnologia com a melhor tradição vinícola clássica. Os vinhedos ocupam atualmente 250 hectares. A bodega e a produção de azeite (Colinas de Garzón) fazem parte do projeto Agroland, com um total de 7 mil hectares.

 

Balasto, o solo

O solo balasto

Pueblo Garzón fica a apenas 18 km do Oceano Atlântico e seu clima sofre importante influência das brisas frescas que sopram do mar. Os solos também são especiais. Estão entre os mais antigos do planeta, formados há 2.500 milhões de anos por decomposição de rochas, compostos por manchas de granito, alteradas e moídas. Na linguagem local, são conhecidos por balasto – daí a inspiração para o nome do vinho. Apresentam boa drenagem e proporcionam mineralidade.

É sobre eles que se assenta o vinhedo. Na verdade, os vinhedos, pois os estudos e mapeamentos de precisão dividiram a propriedade em cerca de 1.000 parcelas diferentes, com 0,2 hectare em média, cada uma com seu próprio microclima, tipo de solo e exposição solar, com uma incrível biodiversidade.

Quando se trata de elaborar o tinto top da casa, o Balasto, a equipe técnica da Garzón, comandada pelos enólogos Alberto Antonini e Germán Bruzzone e pelo viticultor Eduardo Feliz, seleciona as melhores uvas de cada ano, das melhores parcelas da vinha. As condições climáticas variam de safra para safra, e o amadurecimento de cada variedade também muda. Por isso, a receita do tinto pode se alterar a cada colheita.

Na adega, o Balasto fermenta em tanques de concreto, em forma de tulipa, e amadurece em grandes tonéis, sem tosta. Este é um aspecto interessante, pois a madeira age, mas não marca o vinho.

Antonini (à esq.) e Germán Bruzzone

Na apresentação do Balasto 2017, o enólogo Germán Bruzzone ofereceu uma vertical do tinto, colocando em prova também a edição anterior, 2016, e a primeira, 2015. Ele falou sobre a composição de cada uma delas e das variações climáticas que embasaram as decisões da equipe. São diferentes entre si, com um fio condutor: a mescla de estrutura e elegância.

Todos têm como base a Tannat, uva de origem francesa que se tornou emblemática do Uruguai, cuja contribuição é oferecer ao vinho estrutura e cor. O complemento é feito por outras castas, como Cabernet Franc, Merlot, Marselan e Petit Verdot.

Merlot e Cabernet Franc agregam acidez e frescor. Marselan proporciona fruta e textura suave em boca. Petit Verdot, cepa de trato difícil, reforça a estrutura e volume de boca. O processo de vinificação é igual para todos, com uso somente de leveduras indígenas.

 

Os vinhos

Balasto 2017

Bodega Garzón – Maldonado – Uruguai – World Wine – R$ 699 – Nota 95

A última edição desse tinto grandioso, lançada recentemente, mostra que o Balasto não só mantém o nível mostrado nas versões anteriores, como expressa bem as características da safra. É preciso observar que veio na sequência do 2016, um vinho espetacular com o qual, obviamente, vai ser comparado. O winemaker Germán Bruzzone explica que 2017 não foi um ano tranquilo, pois teve chuvas no início da vindima, em fevereiro, e no final, em março. A Petit Verdot foi prejudicada, não amadureceu plenamente e não entrou no blend. As outras variedades tiveram alguma queda de rendimento, mas evoluíram bem. A composição final foi de 50% Tannat, 40% Cabernet Franc, 5% Marselan e 5% Merlot, com amadurecimento por 20 meses em tonéis de carvalho francês de 25 hl e 50 hl, sem tosta. Traz ao nariz notas herbáceas, florais, em fundo de frutas vermelhas e pretas. Na boca é encorpado, suculento, com taninos que ainda mostram garras e devem se acomodar com o tempo. Muita acidez e frescor fecham o conjunto. Se 2016 é um vinho equilibrado e redondo, 2017 mostra ter mais fruta e uma elegância refinada. A aposta aqui é o que poderá atingir no futuro. Dele foram produzidas 10.888 garrafas. A propósito, o preço inicial na World Wine era de R$ 1.000, mas é oferecido agora por valor promocional (14%).

 

Balasto 2016

Bodega Garzón – Maldonado – Uruguai – World Wine – Nota 94

Se é possível falar em um ano clássico no Uruguai, este é 2016. O Balasto nesta safra é macio, redondo, fácil, com tudo no lugar. O ano foi seco, sem muita chuva, não tão quente, menos agressivo, mais equilibrado. As uvas chegaram à maturação plena, preservando a acidez. Mescla 45%Tannat, 25% Cabernet Franc, 18% Petit Verdot e 12% Marselan, com repouso de 20 meses em tonéis grandes de carvalho, sem tosta. Nos aromas há notas florais e de especiarias, junto com frutas a cereja e ameixa. Encorpado, macio, equilibrado e elegante, com ótima acidez e frescor, é um vinho que pode ser bebido já, com grande prazer, mas tem vida longa pela frente. Do 2016 a Garzón ofereceu 13.888 garrafas (14,5%).

 

Balasto 2015

Bodega Garzón – Maldonado – Uruguai – World Wine – Nota 93

O Balasto ganhou fama logo em seu primeiro ano. As duas edições posteriores mostraram que tinha até mais potencial. O ano de 2015 foi duro, quente e seco. A receita do primeiro Balasto incluiu 45% Tannat, 25% Cabernet Franc, 20% Petit Verdot e 10% Marselan, com fermentação em tanques de cimento e estágio de 20 meses em tonéis de carvalho sem tosta. Envelheceu bem. Provado agora, mostra nos aromas eucalipto, especiarias, chá e ameixa. Na boca é encorpado, tem taninos firmes, maduros, boa acidez, e final persistente, profundo, com bom frescor (14,5%).

World Wine/La Pastina – São Paulo/SP – Tel.: (11) 4003-9463 – www.worldwine.com.br.

 

 

 

 

Endnotes:
  1. veja mais informações: http://www.brasilvinhos.com.br/2019/10/04/os-bons-vinhos-de-alejandro-bulgheroni-na-italia/

Source URL: http://www.brasilvinhos.com.br/2019/10/31/garzon-lanca-nova-safra-do-top-balasto-duvida-qual-o-melhor-2016-ou-o-novo-2017/