Pêra-Grave, um vinho com história
O tinto português Pêra-Grave, produzido no Alentejo pela família de João Grave, além de bem feito carrega uma longa história. O nome traz alguma confusão com o famoso vinho também alentejano Pêra Manca, da Fundação Eugénio de Almeida (FEA), e de fato os dois têm um parentesco distante. Tudo por causa do Pêra que aparece nos dois rótulos, referência à Quinta de São José de Peramanca, propriedade centenária, com 34 hectares, que fica a 5 km de Évora, a capital do Alentejo.
No século XIX, a quinta pertencia à família Soares e foi comprada em 1913 pela família Grave. Os novos donos cultivavam uvas, mas não comercializavam vinhos. Em 1987, como conta João Grave, a família vendeu a propriedade à FEA, que ampliou a área de vinhedos e logo depois lançou seu rótulo mais conhecido, o Pêra Manca. Uma hipótese é de que o nome da quinta, e do vinho, seja motivado pela existência no terreno de uma grande pedra oscilante, mal assentada, pouco segura – e de pedra, por corruptela, surgiu pêra.
Em 2003 a família Grave recomprou a herdade São José de Peramanca. João Grave replantou a vinha e resolveu lançar seus próprios vinhos. Mas a cobiçada marca Pêra Manca continuou em mãos da FEA. Sem poder utilizá-la, optou por colocar nos rótulos Pêra-Grave. A vinícola produz hoje um branco muito interessante e tintos expressivos. O mais complexo, e caro, que concorre com o Pêra Manca, é o estupendo Pêra Velha Grande Reserva 2011, lote de Syrah e Alicante Bouschet (R$ 540). Mas aqui vamos falar mais do tinto que inicia a série, de muito bom nível e preço mais acessível.
Pêra-Grave 2012
Pêra-Grave – Alentejo – Portugal – Imp. Clarets – R$ 133 – Nota 90
Corte de Cabernet Sauvignon, Aragonez, Syrah e Alicante Bouschet, selecionado pelo experiente enólogo Nuno Cancela de Abreu. Passou 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. Os aromas lembram chocolate, cedro e coco, em base de fruta madura, a figo e amora. Tem bom corpo, taninos finos e elegância. Um tinto bem feito, em que madeira e fruta aparecem integradas (14%).
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